terça-feira, 24 de agosto de 2010

O PREPARO DO PROFESSOR PARA ENSINAR

_____________________________ Prof. Rev. Gildásio Reis (Th.M)



”E começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” Lucas 24.27

“Se queremos ensinar adequadamente a Palavra de Deus, comecemos conhecendo nossas próprias debilidades. E conhecendo-as seremos motivados a tal modéstia e benignidade que teremos um bom espírito para pronunciar a palavra de Deus” João Calvino

Ao final deste texto, você será capaz de:

(1º.) Conscientizar-se da importância de preparar a aula com antecedência.
(2º.) Ter conhecimento dos passos a serem dados nesta preparação.

(3º.) Fazer um esboço pessoal da aula a ser ministrada.

Qual o professor de Escola Dominical que já não tenha passado pela experiência de, após ter dado uma aula não muito boa, refletiu e disse: “Da próxima vez eu vou me preparar mais e melhor”? É bem verdade que nem todos conseguem cumprir tal promessa, mas ninguém pode negar que a falta de preparo do professor tem sido a grande responsável por um ensino medíocre em nossas igrejas.



De nada adianta investir em material didático, selecionar o melhor conteúdo, ter boas acomodações e excelentes recursos didáticos, se o professor, umas das principais ferramentas da educação cristã, estiver despreparado. Uma conseqüência natural disso é que ao final da aula, os alunos saem com a sensação de que não aprenderam nada, não foram edificados e pior, provavelmente não terão motivação para retornarem no domingo seguinte.


Como já vimos no início, o ministério de ensino na igreja exige uma dedicação muito grande por parte do professor. E não vamos repetir o que já foi dito, mas apenas oferecer algumas dicas bem práticas para que o professor prepare bem sua lição.


1) O professor precisa se preparar em oração.


“Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei” Salmo 119:18.
O nosso primeiro passo na preparação para ensinar de maneira eficaz deve ser a humildade diante de Deus em reconhecermos quem somos e quem Deus é, e isso deve nos levar a reconhecer a nossa dependência do Senhor. Em outras palavras, “começamos com um apropriado senso de humildade sobre o nosso papel e sobre nossa capacitação para o trabalho diante de nós, e essa humildade deve-nos levar à oração”.


John Piper, nos mostra algumas maneiras em como um professor ou pregador pode se preparar em oração:


(1ª.) Admita perante o Senhor sua total impotência, sem Sua presença. (João 15.5)
(2ª.) Suplique sua ajuda. Implore por discernimento, poder, humildade, amor, memória. Sl. 50.15
(3ª.) Confie na promessa de Deus em usar você. Sl 40.7
(4ª.) Atue na confiança de que Deus irá cumprir sua Palavra.
(5ª.) Agradeça a Deus ao fim da mensagem, da aula, pelo conteúdo ensinado.


E. M. Bounds corretamente comenta:


O que a igreja precisa hoje não é de mais ou melhores mecanismos, nem de nova organização ou mais e novos métodos. A igreja precisa de homens a quem o Espírito possa usar, homens de oração, homens poderosos em oração. O Espírito Santo não flui através de métodos, mas através de homens. Ele não vem sobre mecanismos, mas sobre homens. Ele não unge planos, mas homens. Homens de oração!
2) Consagrar tempo certo ao estudo da lição, antes de lecionar.


Comece a preparar sua aula logo no início da semana. Não deixe para a última hora. Alguns professores deixam para começar a preparar a lição no sábado à noite. Certamente, este professor não deve ficar surpreso quando ficar sem respostas às perguntas dos alunos, ou sentir que a aula foi cansativa, desinteressante e monótona. Todas as coisas ajudam o dever feito a tempo. Minha sugestão, e tenho procurado fazer isso ao longo do meu ministério, é que você dedique pelo menos 1 hora por dia, e isso, para dizer o mínimo.


Dr. John Milton Gregory falando sobre a lei do professor, diz que “o conhecimento imperfeito reflete no ensino imperfeito. Aquilo que o homem não conhece não pode ensinar com êxito”. Ele ainda esclarece que:


Um conhecimento claro e pronto da parte do professor ajuda o aluno a confiar no seu mestre. Na verdade seguimos com prazer e expectação o guia que conhece bem o campo que desejamos explorar, e sempre seguimos sem interesses e com relutância o líder incompetente e ignorante.
Robert Pazmino, de forma semelhante é persuasivo aos dizer que:


Primeiro, o professor precisa obter a sensação de que ele domina o conteúdo, seja ele qual for..e o domínio somente é garantido quando eu intencionalmente revejo o material e permito que ele se ligue, em vários níveis, com minha própria vida e o meu ministério de novas maneiras.
Sobre a lei do professor, Gregory dá um sábio conselho aos professores dizendo que eles devem: “Estudar a lição até que ela tome a forma da linguagem familiar. O que resulta do pensamento claro é o discurso claro, o falar claramente”. Professor mal preparado gera ensino deficiente.


3) O professor deve ler as passagens bíblicas da lição.


Estude bem o texto básico da lição, mas também leia todas as passagens encontradas nela. Estude os textos a tal ponto que seja possível você ministrar a aula mesmo que não tenha a lição em mãos. É preciso que tenhamos em mente que a Revista que se utiliza serve apenas como roteiro de estudo, mas é o texto bíblico que é indispensável para a aula.


Se possível usar várias versões da Bíblia para compreender melhor o texto bíblico. Leia, medite, reflita, até que a Bíblia fale por si só.


4) O professor deve fazer uso de outras ferramentas de pesquisa que ajudam a ampliar o conhecimento do assunto.


Não fique limitado à revista. Busque outros recursos que ajudarão você, tirando dúvidas e enriquecendo o conteúdo da aula. Para poder interpretar e entender a Bíblia corretamente, podemos e devemos fazer uso de outras ferramentas, além da Bíblia. Assim, aprofundamos a compreensão de um determinado texto bíblico. Outros recursos que nos podem ser úteis:

• O Novo Dicionário da Bíblia, Edições Vida Nova
• Chave Bíblica (ajuda a encontrar versículos)
• Atlas Bíblico (contém mapas do Antigo Oriente)
• O Novo Comentário da Bíblia, Edições Vida Nova
• Bíblia Vida Nova, Edições Vida Nova
• A Bíblia de Genebra
• A Série Cultura Bíblica, Edições Vida Nova (Comentários do NT e VT)
• Jerusalém nos Tempos de Jesus
• A Vida Diária nos Tempos de Jesus


5) O professor deve selecionar ilustrações para a lição.


Durante a semana, preste atenção nas situações do dia a dia de onde você pode tirar ilustrações para a apresentação da lição. O professor precisa ser um bom observador. Assim, você perceberá que muitas situações da vida diária são ilustrações que servirão como chaves para abrir os corações das pessoas à aula que você vai ministrar.


6) O professor deve elaborar um esboço da lição ou plano de ensino.


O professor deve elaborar seu próprio esboço. Deve, após árduo estudo, sentar e escrever seu próprio esboço. Nesta fase de preparo, a lição já está ganhando uma “cara” bem mais pessoal. Não é mais a lição da revista, mas a lição que EU vou ministrar.


Vantagens em preparar o esboço (plano ou roteiro) da aula. Podemos destacar pelo menos quatro grandes vantagens:


1. Dá uma visão da lição como um todo.
2. Ajuda o professor a selecionar os materiais e na maneira de apresentar a lição.
3. Conduz o professor no estudo, evitando desviar do assunto ou fugir da lição. Assim, não gasta tempo com questões de menor importância.
4. Ajuda o professor a relacionar a lição com as necessidades de cada aluno


SUGESTÃO DE ESTRUTURA DO ESBOÇO


Como fazer o esboço? Basicamente, um esboço deve ter as seguintes partes:


Texto chave: Normalmente este texto está na lição e é o texto básico. É extremamente necessário que o professor o leia no início da aula e faça uma explanação de como ele está relacionado ao tema da lição.


1ª.) Introdução:


2ª.) O Corpo central da Lição


O esboço é composto das partes principais de uma aula bem ordenada, dos pontos de destaque (ou assertivas) da aula, que formam os passos lógicos de seu desenvolvimento. O esboço pode ser composto de dois pontos ou até oito aspectos principais.


3ª.) Conclusão e aplicação:


O que nós aprendemos e extraímos do estudo da Bíblia, agora será transmitido aos alunos por meio da aplicação. É exatamente esta a tarefa do professor: ensinar o evangelho de tal modo que fale às situações cotidianas do ouvinte. Esforce-se para não deixar a aplicação por conta do aluno. Ele precisa ser desafiado e estimulado pela aula.


Uma boa dica para se fazer uma boa aplicação é refletir sobre as necessidades dos nossos alunos. Pense nas suas necessidades pessoais (ansiedades, tristeza, solidão, vazio, etc). Pense nos seus problemas coletivos (finanças, falta de entusiasmo na Igreja, etc.). Pense nas suas crises públicas (eleições, atentados, desastres, etc.).


Lembre-se professor: O último objetivo do estudo da Bíblia é colocar em prática o que se aprendeu. Toda lição deve ser orientada nessa direção.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010